Image and video hosting by TinyPic

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Biografia de Mario de Miranda Quintana


"Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares."

Mario de Miranda Quintana nasceu na cidade de Alegrete (RS), no dia 30 de julho de 1906, quarto filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico, e de D. Virgínia de Miranda Quintana. Com 7 anos, auxiliado pelos pais, aprende a ler tendo como cartilha o jornal Correio do Povo. Seus pais ensinam-lhe, também, rudimentos de francês.
No ano seguinte, 1925, retorna a Alegrete e passa a trabalhar na farmácia de seu pai. No ano seguinte sua mãe falece. Seu conto, A Sétima Personagem, é premiado em concurso promovido pelo jornal Diário de Notícias, de Porto Alegre.
O pai de Quintana falece em 1927. A revista Para Todos, do Rio de Janeiro, publica um poema de sua autoria, por iniciativa do cronista Álvaro Moreyra, diretor da citada publicação.
Em 1939, Monteiro Lobato lê doze quartetos de Quintana na revista lbirapuitan, de Alegrete, e escreve-lhe encomendando um livro. Com o título Espelho Mágico o livro vem a ser publicado em 1951, pela Editora Globo.


Com 60 poemas inéditos, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, é publicada sua Antologia Poética, em 1966, pela Editora do Autor - Rio de Janeiro. Lançada para comemorar seus 60 anos, em 25 de agosto o poeta é saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o seguinte poema, de sua autoria, em homenagem a Quintana:

Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.

Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!

Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.

São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.

São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.

São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.

Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.

E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares

Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.

Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.

A Antologia Poética recebe em dezembro daquele ano o Prêmio Fernando Chinaglia, por ter sido considerado o melhor livro do ano. Recebe inúmeras homenagens pelos seus 60 anos, inclusive crônica de autoria de Paulo Mendes Campos publicada na revista Manchete no dia 30 de julho.

Preso à sua querida Porto Alegre, mesmo assim Quintana fez excelentes amigos entre os grandes intelectuais da época. Seus trabalhos eram elogiados por Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Cecília Meireles e João Cabral de Melo Neto, além de Manuel Bandeira. O fato de não ter ocupado uma vaga na Academia Brasileira de Letras só fez aguçar seu conhecido humor e sarcasmo. Perdida a terceira indicação para aquele sodalício, compôs o conhecido

Poeminho do Contra

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho! (Prosa e Verso, 1978)

Quintanares é impresso em 1976, em edição especial, para ser distribuído aos clientes da empresa de publicidade e propaganda MPM. Por ocasião de seus 70 anos, o poeta é alvo de excepcionais homenagens. O Governo do Estado concede-lhe a medalha do Negrinho do Pastoreio — o mais alto galardão estadual. É lançado o seu livro de poemas Apontamentos de História Sobrenatural, pelo Instituto Estadual do Livro e Editora Globo.

Falece, em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994, próximo de seus 87 anos, o poeta e escritor Mario Quintana.

Escreveu Quintana:
"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira"

E, brincando com a morte: "A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos".

- Obras em português:

- A Rua dos Cata-ventos (1940)
- Canções (1946)
- Sapato Florido (1948)
- O Batalhão de Letras (1948)
- O Aprendiz de Feiticeiro (1950)
- Espelho Mágico (1951)
- Inéditos e Esparsos (1953)
- Poesias (1962)
- Antologia Poética (1966)
- Pé de Pilão (1968) - literatura infanto-juvenil
- Caderno H (1973)
- Apontamentos de História Sobrenatural (1976)
- Quintanares (1976) - edição especial para a MPM Propaganda.
- A Vaca e o Hipogrifo (1977)
- Prosa e Verso (1978)
- Na Volta da Esquina (1979)
- Esconderijos do Tempo (1980)
- Nova Antologia Poética (1981)
- Mario Quintana (1982)
- Lili Inventa o Mundo (1983)
- Os melhores poemas de Mario Quintana (1983)
- Nariz de Vidro (1984)
 O Sapato Amarelo (1984) - literatura infanto-juvenil
- Primavera cruza o rio (1985)
- Oitenta anos de poesia (1986)
- Baú de espantos ((1986)
- Da Preguiça como Método de Trabalho (1987)
- Preparativos de Viagem (1987)
- Porta Giratória (1988)
- A Cor do Invisível (1989)
- Antologia poética de Mario Quintana (1989)
- Velório sem Defunto (1990)
- A Rua dos Cata-ventos (1992) - reedição para os 50 anos da 1a. publicação.
- Sapato Furado (1994)
- Mario Quintana - Poesia completa (2005)
- Quintana de bolso (2006)

16 comentários:

  1. Sensacional, prometo ser um assíduo nessa página riquíssima de variedades e de grandes nomes da literatura mundial.
    Tenho três paixões, a vida, minha família e as letras.

    ESCREVO
    Escrevo porque despertei do meu sono acordando os meus sonhos, vivo a realidade que a vida me ensina e que o meu coração insiste em absorver.
    Escrevo, porque os meus sonhos foram despertados pelo meu sono e insisto em sonhar para que minhas mãos lépidas se façam no papel desenhar.
    Em fim, escrevo porque a necessidade de expressão me fez poeta.
    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela visita. espero q retorne mais vezes e q se sinta a vontade para escrever aqui no blog!
      abraçp

      Excluir
  2. FRAÇÕES

    Você me fez sonhar
    O meu melhor sonho

    Me fez sentir
    O momento mais feliz da minha vida

    Estendeu os teus braços
    Para o descanso do meu carinho

    Você é a mais linda
    De todas as minhas poesias

    Te amo
    Não pelo que você me dá
    Mas pelo tudo que você é

    Quero viver o seu momento
    Não em frações
    Quero o seu inteiro

    Vem, fica comigo
    Seja meu eu
    Junte-se a mim
    Que sou totalmente teu.
    Te amo

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  3. SER POETA
    Ser poeta é ter inspiração
    Criar imagens, rimas e fantasias
    Viver de sonhos glórias e utopias.

    Ser poeta
    É tonaliza tristezas e alegrias
    Provar a vida em emoções
    Tremer a terra, uivar o mar
    Evitar que a lágrima
    Escorra do coração

    Ser poeta é deslumbrar o belo
    O canto o encanto o vazio e o nada
    Fazer florescer de dentro de uma pedra
    Os mais belos dos belos que encante a vida

    Ser poeta é abrir os braços
    Encher o peito
    E dizer, vai versos

    Ser poeta é não ter nome
    Ser um anônimo
    Mesmo sendo sinônimo
    Entre milhares de versos

    Ser poeta é dom
    É ter a rima, canta, recita
    Ínsita, instiga mensura
    Somente o belo

    Ser poeta é ser poeta
    Diante de tantos
    Que vê de forma diferente
    O diferente de uma vida.

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  4. SABOR DE UM BEIJO
    Você conhece o gosto da minha boca?
    O sabor adocicado da minha língua?
    O suspiro da minha angústia?
    Quando os meus lábios tocam os seus?

    Não negues as digitais
    De nossos lábios provados
    De salivas como testemunha
    Sabor marcante de um beijo alucinante

    São eternas as lembranças
    Delirante os prazeres
    De dois lábios colados
    Simplesmente provando o amor

    Quem desmente uma verdade
    De duas bocas coladas
    Sussurrando segredos
    Quem só a elas pertencem?

    São momentos íntimos
    É uma linguagem única
    Palavras, letras e gestos
    São recursos limitados
    Para que possamos
    Determinar o gosto de um beijo

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  5. SABOR DE UM BEIJO
    Você conhece o gosto da minha boca?
    O sabor adocicado da minha língua?
    O suspiro da minha angústia?
    Quando os meus lábios tocam os seus?

    Não negues as digitais
    De nossos lábios provados
    De salivas como testemunha
    Sabor marcante de um beijo alucinante

    São eternas as lembranças
    Delirante os prazeres
    De dois lábios colados
    Simplesmente provando o amor

    Quem desmente uma verdade
    De duas bocas coladas
    Sussurrando segredos
    Quem só a elas pertencem?

    São momentos íntimos
    É uma linguagem única
    Palavras, letras e gestos
    São recursos limitados
    Para que possamos
    Determinar o gosto de um beijo

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  6. Em agradecimento deixo o meu abraço...... Abraço não precisa de equipamentos pilhas ou baterias, é só abrir os braços e deixar o amor fluir.
    Aceite o meu abraço
    UM ABRAÇO
    Um abraço, dois abraços
    São quatros braços se abraçando
    Um abraço diz muitas coisas
    Fala até pelo coração

    Um abraço bem apertado
    Afasta até solidão
    Sustenta lágrima
    Germina amores
    Na terra fértil do coração

    Um abraço bem abraçado
    Ameniza um grande não
    Guarda juras e segredo
    É o bálsamo do perdão

    Um abraço bem abraçado
    Serve até de cobertor
    Aquecendo o coração
    E curando uma grande dor

    Um abraço diz muitas coisas
    Que são difíceis para descrever
    Não tem palavra que o decifre
    É necessário que o pratique

    Um abraço é tão sublime
    Que consegue com facilidade
    Conter o jorro de palavras
    Somente em um enlace

    Um abraço bem abraçado
    É tão gostoso de sentir
    É um compasso de quatros braços
    Não tem quem possa resistir.

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  7. PATRIA MINHA

    Pátria minha tão ferida
    Pátria minha destruída
    Pátria minha despatriada
    Pátria minha tão amada

    Pátria minha de políticos
    Cachaceiros e mensalão
    Pústulas, mentirosos
    Miseráveis da Nação

    Pátria minha retalhada
    Em classe social
    Em uma vive o povão
    Em outra impera os ladrões

    Pátria minha de escabiosos
    Trambiqueiros e safadões
    Tem mundanas bem vestidas
    Com dinheiro da nação

    Pátria minha
    Como seus filhos sofredores
    Pátria minha de horrores
    Mesma jogada ao leu
    A vossas cores pátria mãe
    Eu ainda sou fiel

    Ainda ostenta os seus lábaros
    Pátria minha desonrada
    De um gigante adormecido
    Pelas forças das maldades

    De um grito se fez livre
    Independente assim tornou-se
    Pátria minha de partilhas
    Pátria minha de horrores

    Pátria minha de um povo herói
    Que sorrir mesmo forçado
    Pátria da desmata
    Pátria minha passa fome

    Pátria minha populosa
    Governada por bem poucos
    Pátria minha enganada
    É traída e mal tratada

    Quem me dera acordar
    Esse gigante adormecido
    Com a ânsia de uma foice
    Degolar seus traidores

    Pátria minha eu te amo
    E com a força varonil
    Pátria minha meu quinhão
    Pátria minha meu, BRASIL

    Luiz Menezes Miranda

    ResponderExcluir
  8. EXISTÊNCIA

    Se soubesse que a placidez do teu olhar faria tanta falta?
    Escolheria outra dimensão para ter surgido,
    Poupando-me de todo padecer.

    A minha atual condição.
    Inconscientemente converto
    Os poucos quilômetros que nos separam em anos-luz
    Por penúria da rotina.
    Distância.

    Talvez, se, tivesse o conhecimento
    De que o teu abraço era o que complementaria o meu espírito
    Reconhecendo o estado de meio vazio ao invés de (meio) cheio
    Adiaria o meu entendimento a respeito das emoções
    Amealhando-me da sapiência do teu existir.

    Caso, por ventura
    Eu soubesse o como medir essa Saudade
    E sua importância para mim
    Não consideraria outra realidade
    Se não essa.

    Revejo fotos
    Releio O livro
    Reavivo o passado.

    Mas ela é insaciável; Saudade.
    A rotina nunca foi tão vaga, quanto hoje.
    E quando te reencontro
    É impossível não pensar
    Que a glória da presença
    Do teu sorriso não durará mais que uma tarde.

    Justificando, portanto, a Incapacidade de fartar a tal. Os problemas parecem tão pequenos.
    Por que não há cabeça

    Que prevaleça perto da hegemonia da falta.

    Fica a dúvida quanto à classificação desses problemas
    Pois perderam a semântica.
    Perante a Saudade
    É qualquer coisa, menos um problema.

    Contudo não encaro a Saudade
    Como problema
    Pois ela me proporciona
    A segunda certeza da minha realidade.
    Saber que outra vez poderei
    Ter a atenção do teu olhar

    Para preencher a felicidade
    Poderei lhe abraçar
    E saber o que é ser sereno
    Fazendo-me um necessitado
    Condicional da sua voz
    Das tuas palavras
    Da tua personalidade
    E da tua existência.

    Luiz Menezes de Miranda .

    ResponderExcluir
  9. Já participei de vários concursos na vida, e o mais incrível é que venci todos eles, a vida sempre me escolheu para ficar na platéia batendo palmas e espalhando alegrias.

    AUTOBIOGRAFIA

    Eu sou um poema
    Nascido de uma poesia
    No palco da vida
    Vou ser sempre recital

    Sou composto
    De várias partículas
    Feitos de gozos
    Delírios e amor
    Eu sou utopia

    Eu sou um poema
    Que nessa mistura
    Transborda ternura
    Fazendo loucuras
    No palco da vida

    Eu sou um poema
    Ousado atrevido
    Com minhas metáforas
    Enganam-se quem quer

    Eu sou o meu poema.
    Meu nome tem versos
    Nasci de um ato liberto
    De um orgasmo secreto
    De dois corpos unidos
    Lápis e papel

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  10. QUERO UMA MULHER
    Quero uma mulher nua
    No sentido mais completo
    Da palavra despida
    De coisas que lhe são peculiares

    Quero uma mulher
    Que acenda minha sanha
    Que me faça homem
    No sentido mais completo

    Quero uma mulher
    Que aguce o meu instinto
    Que diante das suas químicas
    Me faça tremer de desejo

    Quero uma mulher
    Que quando eu beije
    Arrepie os meus pelos
    E que eu fique no avesso

    Quero uma mulher
    Pode ser até complexa
    Mas com medidas ideais
    Sem usar a fita métrica

    Quero uma mulher
    Que não seja Amélia
    Que discorde de mim
    Para que tenha raiva dela

    Quero uma mulher
    Nos limites exigidos
    Nos suspiros ilimitados
    Quebrando o meu silêncio

    Quero uma mulher
    Com curvas esculpidas
    Diretrizes definidas
    Para me fazer ciúmes

    Quero uma mulher
    Que eu possa chamar de fêmea
    Que deite na minha cama
    Que me faça ser pequeno.

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  11. FALANDO DE AMOR
    Eu gosto de falar de amor
    Não um amor sublimado
    Não aquele amor eloqüente
    Mas um amor apaixonado

    Eu falo do amor concreto
    Que sempre esteja carente
    Para que sempre se renove
    Mesmo que seja com brigas

    Eu gosto de falar de amor
    De amor que nos tira do sério
    Que nos causas desespero
    Quando diz que já se vai

    Gosto sim, e como gosto
    Do amor sem ter idade
    Do amor com maldade
    Para sustentar o ciúme

    Gosto do amor vida
    Com destino imprevisto
    Com razões e com tormentos
    Sempre alerto ao sofrimento

    Gosto do amor gostoso
    Das caricias assoberbadas
    Dos cochichos nos ouvidos
    E de pelos arrepiados

    Gosto e como é gostoso o amor
    Nem maldigo o meu destino
    Sei que sofro no amor
    Sei que o amor é dom divino.


    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  12. UM NOVO AMOR
    Quero encontrar
    Uma nova forma
    De dizer, te amo
    Provando você

    Quero poder
    Despir teus beijos
    E neles totalmente virgens
    Sentir meus novos desejos

    Quero teus olhos em cores
    Olhando os meus, trocando segredos
    Quero tua boca, despida de álibis
    Colada na minha com sede de amor

    Quero tuas mãos em laços
    Laçando meus braços
    Sugando minhas forças
    Para que sejamos únicos

    Quero penetrar no teu eu
    Mergulhado em desejos
    Descobrindo segredos
    Que só lhe diz respeito

    Quero de todas as formas
    Em singelos segredos
    Viajar em desejos
    Por esse corpo teu

    Quero não nego
    Tentar encontrar
    Uma nova forma
    De renovar nosso amor

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  13. SONHOS
    SONHOS
    Se eu tivesse um céu
    Iria colorir ele com todas as cores do mundo
    Se eu tivesse uma chão
    Cobriria ele com os mais belos tecidos
    Pintaria de azul escuro, rosa, prateado, dourado
    Da noite pediria um favor às estrelas
    Poder pintar em cada uma delas uma letra do teu nome
    Recolheria tudo isso e colocaria em baixo dos teus pés
    Porém sou pobre e a única coisa que tenho, são meus sonhos
    E todos eles estão espalhados em baixo dos teus pés
    Quando for pisa, pise devagarzinho
    Pise com carinho, pois estará pisado nos meus sonhos
    Pise com cuidado para que eu não mate você dentro de mim.

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir
  14. SOBREVIVENTE DO DESTINO
    Eu já sei quais vão ser as minhas desculpas
    Quando eu sair por ai
    Tropeçando nos meus sofrimentos
    Encarando o vazio de frente
    Soprando fantasmas
    Em de bolinhas de sabão.

    O vento e o tempo
    Quando passo por eles
    Dou adeus
    Eles nunca voltam
    Eles sempre têm um caminho sem retorno

    Triste de quem eu encontrar pela frente
    Clamando justiça de certos alheios
    Vou pegar a espada da fome
    Levantar o meu roupão
    E mostrar o quando minha barriga está vazia

    Não de comida, ela, eu encontro nos lixos
    Mas de amor, carinho, paz e compreensão
    Essas fomes matam mais que Haiti
    Mata a ti e mata a mim, sociedade

    É dura a minha realidade
    Imagino-me na marginalidade
    De um mundo do meu pensamento
    Que o vento passou correndo
    Mas mesmo assim não levou
    Deixando apenas desculpas

    Para que eu continue aqui na penúria
    Puta da vida com raiva da fama
    De passeio alheio e ao relento
    Exposto a tudo a fome e vento

    Saio e procuro e o que encontro
    Muros vazios, pneus em camas
    Rampeiras, não, prostitutas sim
    Afim de mim para matar sua fome

    Deito com elas e outros mendigos
    Bendigo amigos que me ensinam a viver
    Da fome, da sede, da ânsia e gana
    São armas usadas para sobreviver

    O tempo não volta, e nos dar as costas
    Seremos sempre estatísticas
    De páginas policiais
    Ou organogramas da desigualdade social

    Ai sim passamos a fazer parte
    De um noticiário nacional
    De um programa de estudos
    De recursos liberados
    Que depois de certo tempo
    Cai-se aos esquecimentos

    E o que nos resta?
    Voltarmos a ser o que somos
    Sobreviventes do destino.

    Luiz Menezes de Miranda

    ResponderExcluir